Mãe, seu olhar não sai da minha mente. Não sai porque nosso coração se comunicava um com o outro através dele. Na maioria das vezes não precisávamos dizer. Bastava olhar. Um olhar pedia colo, um olhar agradecia, um olhar amava, um olhar perdoava, um olhar consentia, um olhar corrigia, um olhar reprovava, um olhar expressava tudo o que fosse necessário. No seu penúltimo aniversário eu só te olhei. E nos entendemos assim. Não foram necessárias palavras depois do parabéns. A gente só se olhou por alguns instantes. E só nós duas sabemos o que sentimos.
Sua presença na minha vida é muito marcada pelo olhar. O olhar enquanto eu brincava na infância, o olhar atento de quem não descuida nem um minuto, o olhar fazendo tarefas, o olhar nos momentos de despedida, o olhar de consolo nas tristezas da vida, nas grandes e pequenas coisas, nas madrugadas, passando pelo quarto pra ver se estava tudo bem, nas apresentações de escola, na faculdade, na vida. Sempre o olhar. Sincero, materno, preciso. Você me olhou. A vida inteira. A cada momento. Sem descanso, sem preguiça, sem desculpas. Quando eu vencia e quando falhava.
Não duvido que do colo de Deus você continua olhando todos nós. Apenas gostaria de ver seus olhos novamente.
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