Lembro-me de todas as vezes que deitei na sua cama e fiquei vendo você acordar...
Como é bom observar esses hábitos corriqueiros e tão cheios de vida!
Você sempre quentinha na cama, toda enroladinha, quando eu chegava ficava mais um pouco, só pra gente "se curtir". Papai brincava te chamando de dorminhoca, desejando "boa tarde" e você sorria, se espreguiçava, levantava devagar e ia escovar os dentes. Bem humorada, mas silenciosa, sonolenta.
Passava um café forte e amargo.
Enquanto isso, papai e eu já estávamos rindo, nos divertindo na mesa do café, fazendo piadas e brincadeiras.
Você nos olhava ternamente e dizia:
- Como conseguem sair da cama nesse pique todo? Acabaram de acordar e já estão a mil por hora!
A gente respondia rindo:
- Como consegue acordar tão de devagar assim?
E sorríamos juntos.
Papai às vezes desenhava carinhas nos ovos cozidos. E os colocava no suporte sorrindo, esperando você chegar à cozinha pra ver sua reação.
No meio do clima de "nova manhã", você acabava entrando na dança. Depois que nos mudamos pra Lorena, nossos cafés sempre foram longos. Duravam 1h30 no mínimo, todos os dias. Ali planejávamos o dia juntos, partilhavamos nossas vidas.
É assim ainda hoje, né?
Mas tem dias em que eu e o papai brincamos e depois fazemos silêncio.
Cada um na sua. A gente sabe o que o outro está pensando.
Aí a gente se olha com amor e bebe um gole de leite.
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