segunda-feira, 31 de maio de 2010

Certeza

De todas as certezas que tenho, a mais funda delas é a de que você está comigo.
Porque sinto assim.
Te amo!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coração sedento

Ontem eu estava feliz.
Tenho feito a novena de Nossa Senhora Auxiliadora, como todos os anos, e ela tem sido excelente para o meu coração sempre sedento de mãe.
Voltei da novena com o Sidney, contentes nós dois, jantamos com o papai e fomos juntos assistir a um filme. Eu me sentia realmente feliz. Estava muito bem. Deitada no chão da sala, vi sua foto no porta-retratos e meu coração literalmente ardeu. Ardeu fundo. E com isso um rebojo de pensamentos me desnorteou. Eu sou incrédula quanto a sua morte. Incrédula. Totalmente. No auge da minha alegria ontem, olhar pra sua foto me fez procurá-la, andar pela casa como se brincássemos de esconde-esconde. E eu pensava: "Nossa! Não a encontro! Ela não vai voltar?! Vou conviver com essa ausência até quando? É só uma brincadeira de mau gosto!" Um ceticismo me dominava porque em momentos como aquele eu sempre ouvia suas risadas, suas expressões de carinho, e via seu olhar brilhante sorrindo pra mim.
Fui dormir com a sensação de que meu coração estava sendo triturado. E quanto mais ele era espremido, mais saudade escorria, mais lembranças, mais descrença... e o ciclo recomeçava...
Quando fui dormir, deitei no escuro ali sozinha e peguei no sono com as lágrimas escorrendo devagarinho, desejando que noite acabasse logo, que a vida voasse pra gente se encontrar novamente.

sábado, 22 de maio de 2010

Ferida

Sabe quando eu era pequena e brincava na rua? Voltava quase sempre ralada, com o joelho machucado, ou o pé faltando um pedaço. Tudo fruto das estripulias, das muitas brincadeiras com todo mundo, do skate, do subir nas árvores, do jogar taco, esconde-esconde, pega-pega...

Muitas vezes eu chorava pra fazer curativos e os machucados realmente doíam bastante. Por vários anos eu tive as pernas cheias de pequenas cicatrizes e “casquinhas” secas nas feridas. E às vezes eu nem me lembrava mais do machucado, mas alguém perguntava “onde você se machucou?” e ele doía novamente. Ou então eu mesma esbarrava em algum lugar, a casquinha saía do lugar e o sangue saía outra vez.

É assim que tenho estado, mãe. Você é tão viva em mim que eu consigo conversar com você várias vezes durante o dia, como se estivéssemos lado a lado. Mas de repente alguém liga e pergunta como estou vivendo, ou me encontro em situações que me dão vontade de ir correndo te encontrar, contar as coisas, saber sua opinião, mas não te encontro. Aí a dor volta fortemente. Aí são muitas as lembranças, uma batalha interior se trava e o sangue pinga sem parar.

Dia após dia. Com muito custo consigo deixar a dor quietinha, “adormecida”, penso em outras coisas, procuro viver a vida. E então um outro fato, uma pessoa, às vezes um prato de comida, uma palestra, uma pergunta infeliz de alguém arrancam a casca e me fazem lembrar da dor, do suplício.

Às vezes tenho vontade de fugir. De entrar numa caverna, tomar um sonífero e dormir por 30 anos. Quem sabe, depois de 30 anos, o coração esteja um pouco mais acostumado... Quem sabe, pelo menos dormindo, ninguém se ache no direito de ficar perguntando, cutucando, invadindo... Quem sabe, dormindo eu passe 30 anos sonhando com você e vivendo ao seu lado novamente...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sua beleza

Estou sem internet, mas vc sabe o que tenho vivido.
Tenho pensado na sua beleza, na fortaleza interior que você é.
Uma rocha.
Em todos os anos que passamos juntas não me lembro de você desistindo. Lembro, sim, de vc sofrendo, vivendo, sentindo, mas desistindo, jamais!
Continue me ensinando, mãe!
Não me deixe morrer na praia!
Não me deixe esquecer de nada!
Vc está dentro de mim! Tenho seu DNA, seu jeito, seus hábitos, mesmo sendo outra pessoa.
Me ensina a ter a fibra que vc tem, a autoridade, a força e o carinho...
Sua beleza interior e exterior.
Saudade eterna...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Só nós

Percebo que há situações que preciso viver comigo mesma. Não adianta querer transmiti-las a alguém, ou tentar fingir que elas não existem. No fundo tenho uma intuição fina, uma percepção aguçada de que aquele momento é só meu. Pertence a mim. Deve ser vivenciado com garra, com coragem e desapego.

Ontem foi assim. Quando olhei seu porta-retrato em cima do piano e não pude conter as lágrimas, senti que daquele momento único nasceria um fruto. Era inexplicavelmente um instante meu e seu. Que pessoas de fora não poderiam compreender e talvez até interferissem de modo a estragar o que estava sendo semeado no meu coração. Momentos assim me fazem querer silêncio. São sofridos, doídos, mas particulares. Reservados e íntimos demais para ser expostos. Não são pra ser traduzidos em palavras, muito menos explicados ou justificados. Aprendi que existem fatos únicos que servem somente para ser vividos. Quem não está ali naquele momento para vivê-los, perde. Porque são aquilo e só. São profundos na mesma proporção de sua efemeridade.

E são muitos, frequentes.

Ontem foi assim. Eu te olhando, sentindo, amando, lembrando, pensando... Tudo junto! Por um momento quis desabafar com alguém, mas que bom que não deu tempo! Enquanto isso, me dei conta de que o coração às vezes quer uma pessoa e não serve outra. Cada um é, sim, insubstituível. Não adianta tentar preencher de outra forma. Matar a sede com refrigerante. E em períodos assim, prefiro curtir o que tenho em mãos: lembranças, memórias, lágrimas caras, vivências, palavras ouvidas e guardadas, sentimentos exclusivos. Insistir em outros abraços, em outras vozes, em outros olhares, é não valorizar e não curtir a singularidade dessa saudade, produtora de tantas sensações.

Nós duas sabemos bem disso.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Felicidade

"Palavra às vezes até perde a fala diante de sentimento grande.
Abraço não." (Ana Jácomo)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mais um recomeço

Mamãe é uma mulher cheia de discernimento e sabedoria.
Daquelas que quando o circo pega fogo ela tem a resposta certa do que fazer e como agir.
Desde que me entendo por gente não me lembro de mim senão correndo para seus braços e absorvendo seus conselhos em longas partilhas quando me sentia sem saída e quando estava bem comigo mesma.
Tenho sonhado com você, mãe. Fico feliz por isso. Em coisas corriqueiras, em sonhos comuns, mas você está sempre lá. Dando suas opiniões, comendo conosco, vivendo como sempre vivemos juntas todas as coisas. É tão bom ouvir sua voz! Nos sonhos ela fica viva e eu me sinto feliz.
Aí acordo em todas as manhãs, você vê, como se eu fosse te encontrar no café da manhã. Estou sempre esperando seu bom dia. Só quando vejo o papai saindo sozinho do quarto é que a ficha cai novamente.
E eu preciso recomeçar do zero outra vez.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

15 meses

Hoje faz 15 meses que sinto saudade todo dia...
Você continua aqui dentro, batendo: ma-mãe, ma-mãe, ma-mãe.
Obrigada por permanecer comigo. Sei que o que tenho conquistado ultimamente é fruto também da sua intercessão.
Te amo! Sempre! Cada dia mais!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A gripe do papai

Papai está bem gripado. A tosse muito forte e a sensibilidade a flor da pele.
Sinto falta da sua agilidade em preparar um xarope, da sua experiência de saber o que fazer na hora certa. Sinto-me sem saída muitas vezes, perdida, lembrando o que vc faria se estivesse aqui agora. A gripe dele me deixa alarmada. Receosa. Preciso me policiar pra não pensar no pior. Cada tosse de madrugada me faz acordar com um arrepio em todo o corpo. E eu rezo a Deus que lhe dê saúde, que cure seus pulmões e não deixe isso pior do que está.