Você sabe bem o que estou vivendo e nós duas sabemos alguns dos motivos disso tudo.
Vamos fazer um trato?
Vou mudar o que preciso e você obtém de Deus essa graça para mim?
Preciso de salvação nesse problema. Pra direita ou pra esquerda. Praquilo que Deus tiver. Mas que se concretize a vontade dEle ainda hoje, sem demora, sem mais feridas.
Estou dilacerada, mãe. Sangrando. Decepcionada, angustiada, apática. Preciso de socorro.
Você nunca me faltou. Principalmente no que se refere ao que estou vivendo agora. Sei que ao lado de Deus é que você realmente não me faltará. Você que sempre me defendeu, me protegeu, lutou por mim, me ensinou... Conquiste comigo, do coração de Deus, essa graça. É mais do que urgente. Sinto-me morrendo.
Sem-saída, sem forças. Tenho vontade de dormir. Dormir. E quando acordo, quero dormir. Não durmo tudo que quero, mas não tenho querido outra coisa.
A leitura de hoje na missa falou sobre o fardo. "Vinde a mim vós que estais cansados e Eu vos darei descanso." Foi tudo pra mim. Não sei como ir, a não ser pedindo, reconhecendo minha necessidade e implorando salvação. É minha última cartada. Intercede a Jesus por mim.
A única certeza que tenho hoje é o amor dEle por mim e minha sede de Céu e vida de verdade. Isso aqui é só um rascunho num papel amassado, uma ponte capenga, faltando pedaços. Escorreguei num buraco da ponte há mais de um ano e estou presa pelos cabelos, sem conseguir me levantar. Por mim mesma sei que não posso. Sei também que não forço minha queda no abismo, mas vejo meus cabelos caindo, na metáfora e na vida real, e a vida esvaindo, as energias acabando de tanto me debater e a solução não chega.
Por muitos dias penso: "será que é esse meu destino'? Será que é assim que vou terminar? Esperneando e me ralando inteira, sem sucesso na travessia completa da ponte? Vai ver alguns atravessam, outros caem mesmo e eu fui escolhida pra cair. Faz tanto tempo que estou aqui... Deve ser essa mesma a minha vida. Já não sei mais o que pensar". Muitos passaram por mim e nem me viram. Outros viram e ofereceram seu braço, mas desistiram assim que perceberam que precisariam fazer força pra me puxar, porque meu cansaço não me permite mais muito esforço. Nessa hora é instintivo gritar "Mããããe!" E dolorido não ouvir resposta pronta, como antes. Porque meu coração agitado, e hoje um pouco desesperado, não está treinado para silenciar em meio a essa situação, a fim de ouvir sua voz subjetiva. Ele anseia por milagres, por uma coragem arrebatadora que o impulsione a bombear o sangue para o corpo, mexer as pernas e voltar à ponte novamente. Apesar do medo de novos buracos. Ou então, de um ato misericordioso de Deus que cesse seu sofrimento. O que mata é essa condição. Nem na ponte, nem fora dela. Vendo alguns atravessarem com sucesso e outros caírem de uma vez, e eu nem um nem outro. Ali, imóvel, com o couro cabeludo doloridíssimo, com o corpo anestesiado, sem saber mais o que fazer.
Às vezes me sinto enlouquecendo. Quando tento razionalizar sua falta, então, aí é de pirar mesmo.
Atualmente eu não controlo minhas lágrimas. Elas não caem com facilidade, mas se começam a cair, parece que meu corpo tá precisando chorar e eu choro tanto! É difícil segurar. Eu choro de soluçar. Choro gostoso até. Sem medida. Não sou mais como antes, que vertia umas lagriminhas e pronto. Agora eu não consigo chorar só um pouquinho. Se eu começo, o corpo já treme todo e o choro é copioso. Como se o organismo visse que isso alivia bastante e desse o aval pra mandar bala no choro. Aí, depois de duas horas, olhos inchados, e rosto vermelho, eu durmo fundo. Ao acordar me sinto um pouco mais leve e menos louca. Tem sido assim a rotina.
Hoje, eu andaria na Paulista chorando. Sabendo que ninguém me reconheceria, ninguém encheria o saco, ninguém ficaria escandalizado. Eu estaria lá. Andando do Paraíso à Consolação. Exatamente onde ela começa e termina. Mas isso também não posso AINDA.
Quando eu morrer, quero ser cremada e minhas cinzas serão jogadas lá.
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